Certo dia estava, em uma casa de candomblé, esperando
recomeçar o toque e ao meu lado estavam algumas pessoas, todas bem alinhadas
com estas roupas de festas, abatas um mais bonito que o outro, os fios de
contas então, nem sei dizer a que nações pertencem de tão ornamentados e
coloridos, mas o que mais me chamou a atenção foi quando um deles fez o
seguinte comentário: “olha lá, vem chegando o povinho da UMBANDINHA”, e apontou
para a porta, confesso que fiquei abismado com tal comentário, pois vinha
adentrando ao barracão, uma senhora negra, muito bonita, com um fio de conta de
Yemanjá, no pescoço, com sua roupa
branca bem arrumada e sorrindo para todos ela dizia: “boa noite meus irmãos,
venho aqui prestigiar a festa e trazer o meu sarava”. Aquela pessoa que fez
aquele comentário maldoso, nem sequer olhou para a mãe de Santo da Umbanda,
fiquei me perguntando, o porque este termo chulo “ Umbandinha”?
Será porque eles acham que a umbanda é uma religião pequena,
uma religião de ninguém? Estranho, tal comentário eu tenho o maior carinho pela
minha religião de Umbanda, tenho muita fé nas nossas entidades, Caboclos,
Pretos Velhos, Boiadeiros, Baianos, a linha de nossas crianças, e o infeliz a
chama de Umbandinha, lamento a atitude das pessoas que não reconhecem a nossa
religião. Bom, a mãe de santo entrou participou da festa e eu não fiz
comentário algum pelo acontecido, ainda mais porque não estava na minha casa, e
era um convidado como outro qualquer, acabou o candomblé , começaram a servir o
ajeum, e ficou tudo por isso mesmo.
Como faço parte da diretoria da federação, sou frequentemente
convidado a participar de várias festas de nossa religião, foi ai que recebi o
convite para participar de uma festa de caboclos num terreiro de Umbanda. Chegando
La deparei com um terreiro muito bonito, com seu altar todo enfeitado de
flores, o chão forrado de folhas que exalavam aquele suave perfume de eucalipto,
o corpo mediúnico cada um em seu lugar, todos de roupa branca esperando o
inicio dos trabalhos, que se deu pela defumação, ai fizemos as preces e os
atabaqueiros começaram a tocar e cantar para a chegada dos caboclos, a festa
estava no auge, quando de repente me viro, e vejo ao meu lado, aquela pessoa
que tinha feito aquele comentário irônico “do povinho da Umbandinha”,
incorporado num caboclo, tal visão me causou espanto, e me veio a interrogação:
O que uma pessoa do Candomblé que não cultua “Egun” estava ali incorporada com
caboclo e que segundo ela é uma Umbandinha? Não deixei por menos, fui até o
caboclo e o cumprimentei dando-lhe um abraço o qual me foi retribuído da mesma
forma, e o caboclo me disse que ali ele estava em casa, pois foi o primeiro
lugar em que ele incorporou aquele médium, foi na Umbanda, e foi batizado como
caboclo Pena Verde, ai ele me contou a história da pessoa em que ele estava
incorporado, que há tempos atrás, ficou muito doente, e sua mãe recorreu a tudo
quanto foi médico e nada de ser curado, foi ai que a aconselharam de leva-lo a
um terreiro de Umbanda, chegando ao terreiro de Umbanda, a mãe de santo estava
incorporada com um preto velho, e a mãe aflita, disse ao preto velho que não
sabia mais o que fazer, pois já tinha levado seu filho em tudo quanto foi lugar
e ninguém sabia o que o filho dela tinha, o preto velho pediu calma aquela mãe desesperada,
e disse que na fé de Zambi, seu filho iria sarar, e começou a benzer a criança
que depois de alguns dias ficou completamente recuperado, foi ai que esta
pessoa iniciou na Umbanda e começou a trabalhar comigo o caboclo Pena Verde. Diante
daquela narração do caboclo fiquei mais uma vez feliz em saber que nossa
Umbanda tem fundamento, e continua fazendo suas curas e caridades. Mais o que
infelizmente acontece, é que as vezes as
pessoas saem de nossa Umbanda, vão para outros segmentos , Candomblé,
Catolicismo, etc.; e esquecem do seu passado se esquecem que iniciaram na
Umbanda. A maioria dos pais e mães de santo de Candomblé, que conheço iniciou
sua caminhada na Umbanda e eles não têm vergonha de falarem de seu passado,
enquanto isso algumas pessoas ainda tratam minha querida religião, de
Umbandinha.
Meus irmãos, não se
esqueçam: Umbanda tem fundamento.
Seja qual for a sua
religião é importante respeitar todas as crenças e seus fundamentos.
Saravá !!!!!!!
ogan dom divino de deus eu so um ogan vou toca para meu santo ate o fim da minha vida
ResponderExcluirPra quem não sabe, como eu não sabia:
ResponderExcluirOgan é o nome genérico para diversas funções masculinas dentro de uma casa de Candomblé. É o sacerdote escolhido pelo orixá para estar lúcido durante todos os trabalhos. Ele não entra em transe, mas mesmo assim não deixa de ter a intuição espiritual.
Paz e luz a todos.