quarta-feira, 21 de setembro de 2011

EU BATO TAMBOR!


Recentemente participando do II Festival de Corimbas da Aldeia de Caboclos, ganhei de um grande amigo uma camiseta que tinha este slogan “ EU BATO TAMBOR ‘, Confesso que fiquei envaidecido pelo presente, pois desde os meus sete anos de idade, já toco os atabaques para nossos Orixás, mesmo com pouca idade aprendi que os nossos atabaques são instrumentos de muita responsabilidade dentro de nossos Templos, pois é com o som dos atabaques que evocamos nossas entidades e nossos Orixás.
Dentro da tradição aos Orixás, ou seja, nos Candomblés, as mulheres não tem permissão para tocarem os atabaques, mais dentro da tradição de Umbanda esta restrição não existe, sendo que as mulheres também tocam os atabaques sem problema algum.
No Candomblé temos treis tambores, o Rum:o tambor maior, o Re: o tambor intermediário, e Rumpi: um pouco menor que é o tambor responsável de iniciar o toque.
Na tradição de Umbanda não existe esta sequência e as quantidades de tambores podem ser menores ou maiores dependendo da necessidade do terreiro e da quantidade de corimbeiros.
Na Umbanda nossos atabaques são tocados frequentemente com as mãos, mais nas tradições africanas, como Jeje ou Ketu , e algumas outras tradições, os atabaques são tocados com as mãos ou com varinhas, chamadas de Agdavis .

Tipos de toques:

Hamunha ou Avamunh: Toque que serve para saída e recolhimento de filhos e orixás. Adarrum ou Adahun: Toque que serve para chamar orixás.
Opanijé: Toque para o Orixá Obaluayê
Alujá: Toque para o Orixá Xangô
Batá: Toque para o Orixá Ogum
Ijexá: Toque para o Orixá Oxum
Ilú ou Ylú: Toque para o Orixá Oyá
Agueré: Toque para o Orixá Oxóssi
Igbin : Toque para o Orixá Oxalá
Batá e Ijexá: Toque para o Orixá Oxalá
Bravun: Toque para o Orixá
Sató: Toque para o Orixá Nanã
Barlavento ou Barravento : Toque de Angola e Congo
Congo de Ouro : Toque de Angola e Congo
Muzenza : Toque de Angola e Congo
Cabula : Toque de Angola e Congo

Conta-se nas lendas africanas que para iniciar um Ogan, era feito o seguinte ritual: Primeiramente a pessoa era escolhida pelo Orixá da tribo a que pertencia, e ai já começavam o ritual de iniciação e os ensinamentos , quando este escolhido atingia certa idade, os membros mais velhos da tribo faziam uma grande reunião e quando chegavam ao consenso de que este jovem já teria a responsabilidade devida, ele era enviado para a selva com sua lança e um facão. Dentro da selva ele teria que escolher uma arvore frondoso, e dela esculpir o seu futuro tambor, trabalho que durava vários dias dentro da mata, após ser esculpido o tambor, ele teria que sair em busca de um animal, selvagem matar, tirar o couro e encourar seu tambor. Ao retornar a tribo era feito todo um ritual de consagração deste futuro tocador de tambor, que a partir desta data passaria a ser uma pessoa respeitada e de muito prestigio dentro de sua tribo. Assim era feita a iniciação de um Ogan nas tradições africanas.
Ainda garoto, eu conheci uma das primeiras escolas de corimbas “Escola de Corimbas Felix Nascente Pinto” comandada pelo saudoso Pai Nilton Fernandes, que fez uma linda apresentação teatral em homenagem aos pretos velhos, na sede da União de Tendas.
A partir daí iniciou-se a grande saga das escolas de corimbas na cidade de São Paulo, foi criada a Escola de Corimbas Umbanda e Ecologia pelo Pai José Valdivino, em conjunto com Pai Elcio de Oxalá e alguns outros irmãos, aliás, este nome Umbanda e Ecologia foram dados pelo presidente da União de Tendas Pai Jamil, na primeira apresentação desta corimba em nossa sede. Tive a honra de batizar a Escola de Corimbas Umbanda e Ecologia em sua primeira apresentação pública que foi numa festa em homenagem a São Jorge no Ginásio do Ibirapuera. Desta casa mãe Umbanda e Ecologia, surgiu o Grupo Aruanã, Pai José Valter, Tambor de Orixá, Ogan Severino Sena, Pai Engels Aldeia de Caboclos, não poderia deixar de citar meu grande irmão Miro Cardoso, o Mirão que por muitos anos foi o instrutor na Umbanda e Ecologia, Escola de Corimbas Élcio de Oxalá sendo que estes grupos foram todos apresentados publicamente por mim, nas festividades de São Jorge- Orixá Ogum no Ibirapuera, pois me sinto e sou considerado padrinho de todos. Desta sequência em diante surgiram muitas outras escolas de corimbas, todas elas bem representadas pelos seus fundadores, Ogans , Alabes , Atabaqueiros, Corimbeiros, aqueles que aqui não citei o nome não se sintam desprestigiados pois tenho o maior respeito, carinho e consideração por todos. Durante as festividades da Festa de São Jorge, tivemos a apresentação de algumas corimbas que não eram escolas, a primeira era a corimba do Templo Espiritualista e Confraternização São Benedito, que era comandada pela minha mãe de Santo Mãe, Laura Rachid, tínhamos a Corimba Pombinho Branco, da Associação Paulista de Umbanda, a corimba do Templo de Umbanda Ogum Beira Mar, Mãe Maria de Lourdes, e a corimba do Templo de Umbanda Pai Xangô da cidade de Guarulhos. Pois é meus irmãos, quantas escolas de corimbas eu já apresentei quantos festivais participei, acho que um dos maiores foi feito pela Associação Paulista de Umbanda junto com o Souesp, na coordenação de Pai Demétrio Domingues, que foi o primeiro encontro de Corimbas, da cidade de São Paulo, realizado no Ginásio do Pacaembu, completamente lotado para este evento. Hoje temos nosso irmão Marcelo Fritz na cidade do Rio de Janeiro, somando junto com os Paulistanos, na apresentação do Atabaque de Ouro, e muitos outros festivais e encontros de corimbas bem organizados, como o encontro de médiuns o da FENUG, na cidade de Guarulhos que já está em seu sétimo ano de festividades.

A todos aqueles que tocam tambor, o meu grandioso SARAVÁ.

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Axé a todos, Ogan juvenal



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